Alma e Coração 1917 - Anno VII (Jan-Dez) - Fasc. 11° Novembro
Alma e Coração-6 fatidicas que ouvira, soavaro aos meos ouvidos, oomo sentença de morte. Soílreo-a esperei a h orn mareada por elll!. para ou;i; dos seus labios a deci :.i.o de seus paes. Logo pela manh ií. do dia seguinte, po– rém, foi~me entregue uma carta. Era dP.l!c, e continh a n seguiTite: . «Esmernlda: l'e<l i. n1g1wi. tudo foi innl,il. Rec01-ri :i, viol encia. 1nns :.i.nlc u. prorncs~a ,la maldição paterna, c,.di. ÍL força ... ~ ão nos YerQmos mais. ta I ví':;,;, oeste mundo. l'artiremos a,-n ;i.nh :1, quH11 sabe parn. onde? '\ião posso ser teu e·µo-.o na, tnra, mas no ,·eu, junto a Deos, nos 11niremos por t oda a c>te rnidad e. Recebe o ultimo adeus do, desdit"so Carlos 'JUe em breve desapparecerá nas trevas dum tumulo1►• Sonhos ridentes voai, voai, deixai a pobro Esmeralda envolta no negrume das e~perançns perrl irl u.s exclamei convulsa.! 1. :om o coração rudemente ferido. continn li, todavia, n dedic::rr-me aos seres querido;; que me restavam no mundo. Nada pareceu mudar na minlrn vida; mas o meu cornçiio e:;tal11\·a de dôr. Amava Carlos com o mesmo ardor; os meus sonhos eram povoados de vizõe · funebres. Lembrava 111e das ultimas p.i.laHo.~ do. sua ,·arto, e de <SJJerada. pensava.: ·•Teró. posto 1inl (1 exi. ten\:ia :' Ter-me-a e ·,1ueciclo 1 entre as sf'duç,}Ps da opnlencia? :-se vive, porque 11e111 nma peq11ena Jembran('ª para alentar· me?• . E!.ta. lncta. surda acabou por Pnfra'}uecer o meu organi!:imo. Comecei u oP.ntir uma dôr lancinante uas costas, desfollP<.:imcntos con• t inuos. uma tosse breve e secco. a i:,acudir-me o pe:ito. Dmo. manh ã levando, apos um desses acc<~:,,sos, o lenç·o aos lal>ios, retirei-o tinto d" sangue. Alegrei-me, pensando que em br<>ve finda.,·ia ,, meu mo.rty rio. mas, ao mesmo tempo, cx– µerimeutei um !:'enlimento de profund:t angu,-,– lia com a ideia do que seria. seU1 mim, de Adgelo, e de meu infeliz pai . Re~~·iminei-me pelo meu cgoismo; ma.s os me 1, ,c,ffrimentos erã.o tão intolero.veis ! Cada vez mais abatida, macilenta, o pllito cava.do . :.acudido por eontinnos ucces~, 11, d1\ t osse. lançando sang ue, eu em uma sombra o.lme– janôo o socego do tumulo. ! . Meu tio, apprehensivo, reclamot1 os re– cursos da sciencia. Já erá tarde. E <]lrn l planta delicado. que sentindo faltar-lhe a seiva. d:i. vida íencce e morre. assim PU, <·.om a alma dilacerada por pungentes a.n gu~tins, buscava o de::;canço da morte. Um dia, já. sem forças pnra erguer -me, sen– tindo a vida. esvair se. chamei Angrlo. abro.– •'ei-o longamente o falei : -"Vou morrer. Deixo-te o encargo so.gr: úlo ele nla~s por nosiio infeli,. pai. Rê para elle carinhoso e à svellado atí- n ~cn nltín11• instante. Da t ua infeli1. l~:am rnlrln g nardu s~Jlfpru ama lernbrnnça saudosa. e, na noites de lu,1r. cm paga do muito que te amei , e parge flor<'" sobre o meu tumulo, » Angelo cahio de joelhos occ11lta.í1J.o o ro:;to !\as roupa;; da cama, dizendo por entre oluço · · - «Nunca te csqueçerei. Tua lembrauça ,-agrada ser:i. o meu guia. na terra!• . 8 e!1t i uma a.ngn ti,i intoleruvel me oppri m ir ; o sangne em borbotõos t,i ngio-111e '' peito; e soffocada por e::i a onda q r brn, ador– meci na morte. Algum momentos depois, como quer:n tornll d uma vertigem. des pertei. Sentia-me c0mpl1:t.ame11le ºbôa dos mou~ atrozes soffrimentos. e agi!, ligeira qual b r– holetu, vou \·n 1 !.... Sur11rehendidu, olhei em roda: o que vi m 1~ cnchen d11 angustia: O meu corpo repousa\'/\ no leito. Dormia. Em pé, Angelo, lavado em hgrimas, os· Colava a minha fronte marmorea e cruzava-nu: piedo5;amente as mãos obre ~ peito- Do outro lado meu tio e os creados, ajoelhados. oravam . Anciosa pergnntei-lhes: -"'Porque ehoraesi' Não obtendo resposta, diriji-me voando ao quarto de me u pai. Arproxiniei-mc del!t>. beijei docemente a s no. veneranda cabC, 8 • a.p<>rtei-o ao coração fallei-lhe meicr111nen!'e. Nãn pareceu sentir ~em rne ver. A n;uRtiada. 1:ntrei IV) aposento cm , 1 ue eslava o retrato de minha. mãi. Cousa extranha l fncompre· hou sivel !-o 1etmto sonia-me, me acccnondo, conJo se TTII' chamasse. . ~1~~.se mome_nto. impulsinadu. p ir' f~r,·~ m,1, 1,el, elevei-me no~ ares; perdi de -v~ st _ a casa paterna. e por fim a t erra . .. . Parru \'U em pleno azul . . . De snbito , nma torm11 branca entorce· ptou-,he a pa;;sn°em chamando-me doce- te "' ' '• ·1 mcn . . e:;tendentl o-me os braços : Pa~o\~ aleg ria , â. esperança, o espanto, qu~ 1 n , soffocava.m . N<>:=:sa t\gur~, qtw mo 1tta\º·'. ~ernamcnte, tendo nos labioso sorriso dos 811 • J''S, reconheci 1uinha. mã.i. A tilií.e udoratla qlli A U t-ant,)_ chorara pal'a sempre perdida!! . ~.anccr-me nos :;eqs braços. o e!:'troi\arn;ut• umda ao se u coração, pero-untei-lhe a medo -«~s tu, mãi querida, que me apertas 11 ' 1 coraçao, ou 11 illusào dos meu 8 sentidos? ·i Que extranho prodi o'io se realiza? Te \ morrer, <'li orPi por tt'"tanto tant,0. - • e t\l vives~! "· ' Onvi, en tiio, a s uo. voz adoro.da que rnc dizia commovida. : - •1''ilha: a morte só ex iste pura n. materin: apôs nlla, o cspirito desJi,-,.o.Jo dos iuços qne <J r<>~tinho.m ca.ptivo, ell'va.-s:an o,p,\ÇO, e? tru~~– poem. Aln,a é i1uper1.;ci vel. O na<b na,) 0 ' · \
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