Alma e Coração 1917 - Anno VIII - Fasc. 5° Maio

Alma e Coração-8 11 1 ,1 1 ,1,.f'll t k l I t ,I I li I I II U 1 1 1 1 1 EPISTOLfa1. Querida A ultima vez que te encontrei, pare– c;u-me advinhar nos teu s olhos o que quer que fos se de maguado e tr i te, como se a recordação pungente de ai- . guma cousa dolorosa te envolvesse a · alma. Que tens? . . . Não me quererás di– zer. . . Permitte, pois , que eu in terp re– te como penso, attendendo ao fun do do ·teu caracter de affecti va e sonhado ra . ' Se não acertar, perdôa-me. Creio que, sem medo de eng~nar·me, p9sso afian– çar que tiveste al guma nova e grande desillusão e, alma ferida, tens horror a tudo, 0 como se o contacto ex teri or dos seres, ·das cousas e das palav ras te causassem dôr. Desengana-te, minha amiguinha, o mundo é isso. tal se te tem apresentado nas scenas crúas da vida real. Nelle só encontrarás o que elle tem e não o que deseja rias que tivesse, para felicid ade dos mortaes como ru , cheios de sonhos e illusões ' eternamente fascinados por uma s om- bra que foge, foge imp iedosa e linda , a s e mostrar e a desapparecer, logo que tentas prendei-a entre os braços palpi– tantes. A sêde que experimentas, nada tem de mate ria l ; a terra não t'a poderá s aciar, convence-te. E's moça, bem j o– ven mesmo, e, no emtanto, quanto ca– lice de amargo travor já não bebes te, levando-o ·aos labios soffre~os, no en– ga no de qne irias sorver o nectar dul- . . d ' ~ c1ss1mo a ventura . . . . e te acon tecerá isso sempre, semp re. Não sonhes mais desses son hos que te envenen am e te infelici tam. ES<! uta : Sentes no teu coração um desej o nun· ca saciado de um bem que sabes exis· ti r e que não pos · uis te ainda? desvia 'da os olhos d mundo e fita-os na VI es pi1itual-ella é a verdad.::!ira, ella não mente, não engana , não illude. Depois que te s en tires penetrada da v~rdade da s ua exis ten..,ia , ba ixa, então, os · olhos em volta de ti : uma extensa e original seára s e te depa ra rá onde em prega res o teu tempo. a tua vontade , o teu af· fecto -- a seára das lagr imas e dos ge~ midos do de herdad os do c2111inho, dos orphãos da felicidade. A. e se , aos que re ~ebe;em de ti e não te de rem recompens , é que de· ves ama r. Esse amor não traz per· tu rbações e n em acarreta de g raças : é puro como o sorrisçi duma creança , tem refl ~xos s uaves como a docura do olhar de J es us . . . Elle e manifes ta' pela so· licitude, pela .abnegação, pelo devota· men,to con, que ass istimos aos infelizes- º s- uando disso te con encere , e ª s im praticares, terás fechado o coração ás inve · tiJas das des illusões. Presinto a t 1 · , • - d toda , La queixa a desappariçao e esperança de reali sar os teus anhe 105 es· · venturosos. Para isso eu te dou- ª pe rança no amanhã ~terno da viJa. Faze Po r merece r o qu e desejas . Se· . a meia O bem , o desinte resse, a paz, _ caridade, sem retribuição de es pecie ª~ d c1· g uma nem rnt mo um o-es to agra e d '"' n· º• e um dia , no fu tu ro que se esco, de nas reenca rn ncões por virem, teras • 11 0 teu sonho realbado sob a benÇ'.ll protectora da mi ze ricordia divina. Crê sempre no affecto da tua D oLOF.f.S

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