Alma e Coração 1917 - Anno VIII (Jan-Dez) - Fasc. 1° Janeiro

P lma e oração-9 lllftllllllll Ulllllllll l llll l ollllllltlllllllll O teste111unho dos faetos Em l90j morrin, em Pari s . arreba– tndo_ pela tys ica, um poeta qu e parecia destinado ao mais bel lo e glo1ioso fu– turo. E se ~oeta era Alber t Sarnain . No rl ia seguinte ao Idas sllas exequi a s, a que todo o Paris intellectu a l assisti;.1, Catu ll e :\,fendes, o grande p0eta de ori· gem ;:1ortugueza, yue tão tragic;t men te tr'.! n'-' póz o marco perturbador Lia mor– te. e cuja obra é univer~a lm e1,t e conhe– cda, jnntw:a ern casa ele amigos seus, na rua de S, P eter~burgo, em PMi s. A conversacão cahiu, natur;!lmente, sobre a desappariçiio de \lbert Samain . - Foi uma m o rt e analoga á de Al– fred de Ylussct e digna de-um roman– tico?-d is5 e -alguem. - E' facto, respondeu Catulle i\l en– des-cuja philosophia i:!legre e o eter– no bom humor eram Jegendar i06. Po– r~m, não ,e1a assim que eu des~jaria morrer! -Como, ent ão, mestre? A' mesa !-replico u aiegremente i\·len– dEs. D: resto, eu já exprimi em ver– sos esse desejo: -E, com urna vóz sonóra, o poeta decla mou os versos seguin'-:!s de s ua composição : Bonjour, mort ! Quelle l1aridelle 1 Tu n'es pas belle, nom de nom ! Ban I J'arrosse ton asphodele D'un dcrnier varre de Chinon ! Encorc un roncel pour lifonon, Eucore, sans fuuébre tirade. Un baiser d:rns l'or d'un• chigoon ! Quan.tl tu_ voudi:as, roa camaraJe ! (Boro dia morte' Que mnmia. j ('0~1 franq~o-:a. tu nào é:l bel la Não impol'La ! Rego o tt u asphodelo <;om 11m ul timo ropo de OLinon ! ,\inda urna r rlondilha em honra cl::i Manon, .\.inn1L. sem fun hrú tirada, Cm h cijn. uonm nnca dourada. ! Ao t Pn, dispor, minha cam:'!.r:u!a 1 E, tendo esvasiado o cópo, o poeta, com o olhar perdido no vago, a::cres – centou: -Ah! mas não será assirn que eu rnorrerer ! Quando penso nn m inha morte te - ' nho nos olhos corno urnn visão de hor- ro r! Pa rece· me que morrerei nu1n~ ca– tastr0phe, num incendio de theatro num de::=astre de caminho de ferro! ' Al g um tcm·po depois do episodio que acnbamos de narrar, alguem lembra va a() poeta outros versos em qu e i\J en – dcs, no seu ooema « La Grive des \ ·i – g nes,> ca ntava o :;eu pouco temor 'da n orle, por cau a das lembranças da sua primeira c ancâo rle amo r 'L.... Podesse · eu mo rrer ~orno cantci.– S11 pirou i\ 1 lendes . . . Mas não terei e:sa felic idade ! Desgrnçad~ ':le nÍ im ! 1 endo u.mado a belleza das íl ôres, o encanto da luz, as mulheres e o \' i11ho, morrerei de u•na morte ho~rivel sozi · h, . ' n o , merg ulhado nas trevas da noite'. ...... . ........ . .. . ... No dia 8 d e fevereiro -de 1 09, . ás quatro horas da man hã, sob o wncl de Saint·Gf:nnain, o c;idaver de Cntulle Mendes era encontrado pelos g u nrd!ls da linha. · A cajxa craniana for3 que -

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