Alma e Coração 1914 - ANNO V (Jan-Dez) - Fasc. 01 Janeiro

L ,. E num gr:stv largv de despedida, afastou-se. 1 Quando os passos do Dico se 1• perderam na rua, Carlos levan– tou-se e, como quem tinlza m ttiü> para dizer, lançou um olhar ao relog·io e parou interdicto. José ·- Pod,:s falar. Presumo oue iremos ouvir algu– ma cousa interessa nte. Será ~ssim bem iniciada a nossa primeira reunião este anno. Amanhã tratare– mos das n()ssas labutas escolares. Carlos Alma e Coração - 9 • - Que <lc~gra,;a ! - E depois? - interromperam os presentes. Carlos - O nosso bravo companheiro, que se achava n~ barranco, _sem v_acillar um segundo, despiu-se e atuou-se ao n o. Foi uma scena comt'novedora e tra– gica : o Dico luctou desesperadamente para ver se conseguia salvai-os ; por fim, depois de se debater catre os choques desencontrados das maretas, durante duas horas, alcançou a margem, trazendo nos braços uma creança. Todos os demais haviam perecido - a m:le da familia e os dois irmãozinhos. Todos os olhos estai•am e/leios dagua. A1anoelzinho soluçava, a cabeça apoiada 110 braço. - Pobre creança ! murmurou o professor José. - Sim. Uma historia triste e edificante. O Dico ~ez _bem em sahir. A sua grande modestia não sof– rena as referencias ao seu acto de hcroe, sobrc• 1 humano quase. 1 Carlos O interesse transparece em todos . os rostos, os olhares cruzam-se ! - O Dico tomou-o _so? a sua protecção. E agora interrogantes. \ redobra de trabalho diano para que não faltP. 0 1 necessario no seu humilde lar. Carlos, continuando: . ·- Como sabem, o nosso collega Raymundo 1 Silva costuma pa 5 sar as férias no sitio. Certa ma– nhã, atravessava o rio, em direcção á casa de D. Martha, uma pequena montaria com quatro pessôas; s~bito, forte pé de vento encrespa as aguas e faz virar a embarcação, antes que os tripulantes tivessem tempo de se desvencilhar das roupas. = -Oh! - Que horror ! Dulôídio, Anthenor e Mario vão á mmóla mui ôontentes, pois são do eurso primaria alumnos intelligentes. Odia da sabbatina a petizada animou. . - Quero ver quem tem a sma de ter o premio, falou d. Thereza Garôia aos jovens eom sympatnia. José, levantando-se, attraltitt a si o orplzãozi11lto : - Não temas o futuro : estás sob a guarda desta Escóla. Terás cm mim um amigo e no grande coração do Dico o melhor dos irmãos, o melhor dos paes. Todos silenciaram. Uma prece era rezada em beneficio do pobre pequenino. i Diz o Mario, prazenteiro : eu sou quem o premio ganba, leio, estudo o dia inteiro, não ehoro nem Faço manha ; só gosta disso o Anthenor, que ás preleôções tem horror, Alto lá I não digas tal, oppôz a d. Thereza. Como então ! julgando mal do seu irmão ! que rudeza !. ,. Não julgues, disse obom Christo - ( ... de modo algum quero isto) ! MaDoelzinho

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