ANNO IV-(Jan-Dez)-Fasc. 02 Fevereiro

Os espinhos .. . lltlrlllllllllllllflltlflllllllllUIIUllllllllf Ella sahira pelas 8 horas da manhã. Animada e cheia de fé ia ao cumprime1r to desa tarefa ardu a e exaustiva: ped ir na e perança de angariar obul os para os pobre!,inho . E, <le porta em porta, decidi– d:t, corajosa, ella pedia para dar aos que ti– nham meno. aind::i. Aqui uma recusa for– ma l, num mono syllabc duro, implacavel: Não! Eli a passava adia nte; al i uin gesto mai$ cortez, ma sempre a recusa embora mais polida: Desculpe, não pode ser... Elia tomava fo rça para seguir. Este franzia a testa logo que percebia o que desejavam; aquell e mentia dizendo ser o empregddo qu ando era elk proprio o dono da casa. E ell a ca– minhava sempre, resoluta e cheia de fé. O sol aquecia, a ru a fervilhava de tran– seuntes que não s uspei tavam que aque ll e me -mo so lo para si egual ao de todo os dias e tivesse, para outrem, semeado de es– pinho ... E assim decorreram a horas a té que á. Io ella voltou, fatigada, trazendo a peque– nina colheita, quasi insigni ficante na re lati– vidade das porta · em que ba te u. E os impiedoso qu e não lhe oube ram comprehender da alma o ge. to nubre, nesse dia, em frente a meza abarrotada de fructos caros e garrafas de vin ho, a commenta r os lucro da emana, certamente a lludiram com de,=denhosa s uperioridade ao ataque soffrido pela manhã. na sua respeitavel bolsa, reser– vãda ao conforto proprio, ao luxo, e ao gozo dos vícios que.envelhecem o corpo. depri– mem o caracte r e rracu lam o e pirito. E ella, â tarde, dividindo pelos pobre i– nhos a pequenina offe rta, que recebera dos corações bondosos, ri onha e feliz, formu– lando um novo plano em beneficio dos seus irmãos nece s itados, esquecia os vexames por que pas. ara, bemdizendo des a jorna– da o.· abençoado e::.pinhos... A Beneficencia 11111u11u111111111111111111111u 111111u Poucos comprehendem o valor mo– ral da beneficenci~1. Estendem o gesto dadivoso num desprendi!nento glacial e não sabem que de candades espalhariam, que de amarguras con– fo rtariam se acompanhassem o mo- vimenro que dá, dum olhar de i"ntere ·– se digno, de piedade sincera. :Ma ao que pede não lhe escapa t a fri eza de vlhar, como não lhe escapa o sorriso superior dos que lhe negam auxilio, dos que da vida não prornm os ama rgores e por isso andam alheiados que no mundo exi ta a fo me, a nudez, o pranto, a orphan– de, o crime, o vicio nasc ido da mi e– ria abandonada. Quantas vezes uma recusa rude a alguem que pede um real é seguida dum rasgo de philantropia exhib icio– nista, para formar no numero dos contribuintes de uma subscripção fi– dalga! E cheio de si, o generoso don ata– rio dá piparotes no gordo charuto entalado entre os dedos anneludos, antegosando a delicia de ver o nome no jornal, entre outros de gente fina que não é como esses João Ningu t m que pedem por necessidade... S e r beneficente, não é concorre r com fabulosas quantias para as ff' - tas officiaes; fazendo reclame cios seus _sentiment?s altruísticos, e nega r depois uma migalha ao desconhecido que lhe bate a porta. S er beneficente, é ser compadeci– do , antes de tudo. Pois que o bene– ficio não está somente na esmola mate rial, :5e esta não foi acompanha– da d e_ dehcaclez_a, de attenção, de ~– ne ros1dad_e, mmtas vezes, para o qu pede, sena melhor que não recebe. - se, par~ não ter que formular um ag:radec1mento hypocrita como hypo– cnta fora o gesto que o soccorrera.. . O pobre tambem, pode ser _ben ~fi– cente; tanto não importa no ~mhe1_ro a posse da virtude da benefLcenc1a, e o beneficio mo ral, que a alma ele– vada de um mendigo póde prestar, vale cem vez mais que a moeda de ouro dum ministro que nfto sabe hu– manisar a expressão do seu sembl~n– te orgulhoso na hora em que deixa e h . d - 0' desd nhosa a esportu– a ir a ma la humilhante. Elmira Lima

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