Annaes Bibliotheca e archivo público do Pará
FESTAS POPULARES DO PARÁ Na famil ia é um patriarcha : couta quatorze filhos, dos quaes sete rapazes e sete r,aparigas, achando-se actua lmente v ivos dez. l\festiço escuro, de estatura e corpo r egula res, ninguem ao vel-o, enver o-ando o seu trajo de marujo, o talhe ainda desenvolto, a cabeça sarapintada de poucos cabellos brancos, da1·-lhe-ú a idade de 72 annos. Tambem pessôa a lguma, ao vel-o na rua, nos seus trajos humildes, poderá julgar que p assa hombro a hqmbro com um homem popularissimo. _O nosso povo, especialmente o povo do Umarizal, dedica-lhe um affecto expon taneo e sincero; abrs-lhe com prazer a sua bolsa pobre; com elle concorre dcs– Yelado em todos os trabalhos da festa; attende-o res– peitoso e saúda-o en thusiasticamen te, em estrondosos vivas, quando o div isa á frente dos festeiros. * * * ·· Depois do mestre Martinho, surge em segundo logar , num r elevo tambem notavel-o mestre Belém. Elle representa evidentemente uma reminiscencia do passado. _Encarna um typo legendaria que se apaga, des– t 1·uido pela evolução em que predomina como elemento preponderante a invasão extrangeira. Antigamente a construcção predial no Pará era monopolio dos nossos mestres que consti tuiam um ·typo especia l, porque especiaes eram as condições que os formavam e as que depois presidiam ao exercício da sua profissão. E r a rude a carreira e principiava pela aprendiza– gem, sob ::\ r esponsabilidade do me.stre, que dava em geral o pão e sempre o pau. Os discípulos, aos bandos, levantava.m-se cedinho, varriam a -casa, enchiam agua, rachavam lenha e fa– ziam o café, isto tudo antes do sol raiar, porque ás seis h or as da manhã deviam achar-se na obra, para a labuta diar ia. Tomavam a benção ao mestre, enguliam o café e lá iam para o serviço, n'uma obediencia cbronometrica,
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