Annaes Bibliotheca e archivo público do Pará
FESTAS POPULARES DO P,\Ri\ 247 civicas, os agentes de loterias em r egozijo pelos ca– prichos favoraveis do jogo, os crentes em louvor de Deus e dos Santos, e os devotos de S. Raymundo, an– nualmente, no-dia 31 de agosto, em trez formidaveis bombardeios á cidade, um ao alvorecer, outro ao meio-dia e o terceiro ao cahir da noite. Desde ás nove horas da manhã affluem os fes– teiros á casa do protector; r egorgitam os comparti– mentos; a azafama e o ·sussurro das festas dominam tudo. Uma g r ande mesa, servida sem apparatos mas com abundancia, chama os devotos; vae começar o al– moço dos festeiros. A's onze horas mais ou menos, r epletos os flancos da mesa, o mestre Mar tinho, envergando o seu fato á ma– ruja, empunha a bandeira do di vino e occupa a cabe– ceira." Faz-se um grande silencio: todos attentos esperam as palavras do proted or. O di_scurso é curto e or iginal, não obedece a uma formula, varia conforme a predisposi<;ão do orador. Relembra a constancia de todos naquelle culto; ch ama a!'l bençãos do céo para os devotos; e termina com um appello necessario á ordem e ao respeito que devem todos manter . As ultimas palavras da pittoresca or ação desper– tam unisonos applausos, acclamações ruidosas ao pro– tector; ao grito de « V-ii:ci o mestre .1lfart'inlio!)) responde um brado immenso: 'L·-ii·<t ! E começa o almoço. As enfadmi.has r egràs da etiqueta acham-se ba– nidas, cada qual serve-se do que mais lhe appetece; os manj ares caminham âe ponta a ponta da mesa, de lado a lado, em zig-zags; bojudas lanternas br ancas deixam scintill ar o roxo escuro do vinho; os que não lograram sentar-se á meza, arranjam pratos, servem– se á vontade e, sem cer emonia, abancam-se nos para– peitos ou onde se lhes offerece logar . São prohibidos os brindes, medida esta de gr ande alcance para a digestão pacifica dos convivas. Para o fim do almoço, lá fóra, a caixa, com o som profundo das baquetadas, n'um rythmo característico
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