Annaes Bibliotheca e archivo público do Pará
FESTAS POPULARES DO PARÁ 245 Em 1850, Martinho casou-se, mudando de resi– dencia para a travessa da Estrella. Com elle mudou-se tambem a festa, que, sem in– terrupção de um só anno, continuou a ser feita, levan– tando-se o mastro no largo do Chafariz, assim cha– mado pelas duas bicas de -pedra, para as quaes se descia por uma escada de cinco degráos, que ahi man– dára construir, em 1801, o governador Francisco de Souza Coutinho. . Coadjuvado sempre por Maria Thereza, que j a– mais. esquecera o Divino Salvador, e por seus primos, proseguiu Martinho n'aquella devoção, que começára na infancia. e o acompanhava na mocidade. Pelo anno de 1865, tomou elle a resolução de construir humilde casa no Umarizal, então arrabalde da cidade, ainda não delineado. Na travessa D. Romualdo de Seixas, pomposo nome dado a uma picada, mais ou menos desembara– çada de rnatto, levou a effeito o seu plano, estabele– cendo-se no lagar em que ainda hoj e vemos a sua casa pobre e humilde. Não existiam n'aquella época o prolongamento da rua S. Vicente, a travessa Dois de Dezembro, a rua Diogo Moya e as demais d 'aquelle bairro. Um caminho tortuoso que ia do largo da Memoria ao largo de S. João, era o unico trilho accessivel, do qual partiam picadas later aes para diversos pontos. A população, esparsa e pouco densa, toda pobre, l1abitava palhoças, ora agrupadas, ora afastadas umas das outr as. Desde então a mjssa, que todos os annos era can– tada na egrej a de Sant'Anna, passou a sel-o na de Na– zar etb, para onde levaram sempre a corôa, até o anno em que o bispo D. Antonio de Macedo Costa pro– hibiu a en trada de semelhantes symbolos nas egrejas. No domingo que precede a quinta-feira da As– cenção do Senhor, os devotos r eunem-se na modesta– casinha do mestre Martinho, para iniciarem as solenni– dades costumadas.
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