Annaes Bibliotheca e archivo público do Pará

FESTAS POPULARES DO PARÁ * * * 24-3 Sob o imperio, com o mesmo esplendor dos tem– pos coloniaes, continuou a festa do Divino, no Pará. Annualmente, a flôr da sociedade paraense grupa– va-se ao r edor da corôa imperial, n'um movimento accele rado de festas; bandos de homens e rapazes percorriam as ruas de Belém, ao som de tambores, pedindo esmolas para as despezas . do culto; o largo da Sé vestia-se de galas; solenne procissão, vistosa pelo apparato dos devotos, levava a corôa á -cathedr al, on– de, depois da missa cantada, a expunhain, coberta de fitas e flôres, aos beijos dos crentes, que faziam tinir nas salvas de prata o cobrn das suas esmolas. Grande feira, em arrnmedo á de Nossa Senhora de Nazareth, attrahia enorme massa de povo que se dividia polo leilão, pelas barracas-restaurantes, pelos theatrinhos e cosmoramas,até á madrugada, quando quei– mavam o fogo de vista, obrigatoriamente encerrado com o incendio da fachada triumphal, erguida ao fundo do largo, onde, no corpo do centro, p or entre a luz e o fumo dos compostos pyrotechnicos, lia-se : Gloria ao Di– vino, emquanto as bandas marciaes dos batalhões to– cavam o vibrante . hymno nacional. Grande mas tro, revestido de folhagem, era plan– tado n 'aquelle largo, com a bandeira e a pomba sym– bolica no topo. · Foi esta g rande festa, que abalava Belém inteira, todos os annos, e que veio a desapparecer, j á em nossos dias, pela prohibição acertada de Dom Antonio de Macedo Costa, a causa mater da fest.a do mestre Mar– tinho. Mais ou menos pelo anno de 1848, Martinho João Tava res e seus primos ·Antonio de Belém e Benedicto Manuel dos Santos, habitavam com a sua familia, n'uma casa da rua Nova do Sant'Anna. Eram os· trez, então, aprendizes de officio, com pouco mais de urna dezena de annos cada W11. Em todos os tempos e em todos os logares, as cre– anças patenteam sempre uma tendencia para a imitação, que as leva a uma coparticipação accentuada nos fol– guedos e nas festas do seu paii. J

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