Annaes Bibliotheca e archivo público do Pará

' 242 AKNAES DA BIDLiOTHECA E ARCHÍVO PUBLICO II A FESTA DO DIVINO Despida da excelsa pompa que outr'ora a caracte– risou, a festa do Divino Espírito-Santo caminha hoje amparada apenas pelos devotos elas classes menos abastadas e escla r ecidas do povo belemnense. Não é mais uma população in teira que se abala em lJorbo– rinho festivo, como dantes, para consti tuil--a. E isto provem de um simples e conhecido axioma social : a evolução J)l'Og l'essista enfraquece primeiro, deturpa depois e extingue pol' fim os costumes nativos do povo. · Assim como o augmento constante da nossa popu– lação assenhoreou-se dos pontos outl''or a considerados arrabaldes ela cidade, transformando-os em aprazíveis logradoiros publicas e em bairros importantes, tambem o povo conquistou mais luzes e foi successivainente abandonando as heranças coloniaes repellidas p ela evolução oper adn. Martinho João Tavares, o popular meslre l l!farlinl10 com o chamam, arregimenta annualmentc os devotos d ~ Divino e leva a effeito a festa, com csfol'çO constan te e tenaz, mostrando em edacle j á avançada, n resistencia do seu senso r eligioso ao ener vamento que atirou por terra a grande e aristr ocatica festa elos tempos passados. Em roda do velho protr>r·lor, que parece ser o derra– deiro sustentaculo d'aquelle culto popul ar, gravitam alguns ferventes adeptos da sua tar efa religiosa, e d'este pequeno centro mana a resiste11cia ao meio e. aos cos– tumes, que o emparedam de obst'aculos. A festa do Div ino no Pará mostra, em confronto com outras similares de outros Estados, sempre a re– miniscencia metropolitana do passado, a par de sol en– nidades novas, originaes, por assim dizer, modificações sensíveis, em cuja composição o meio physico tomou saliente parte. E' 0 que nos dirá a desci,ipção simples e verda- deira da festa.

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