Annaes Bibliotheca e archivo público do Pará
FESTAS POPUL~RES DO PARÁ 241 .......__ As directO'rias ~a festa luctam hoje com grandes difficuldades pecuniarias nas despezas, e cada vez mais os -embaraços irão crescendo. Houve aqui um bello es– ,forço para reforma-r o círio e a festa de Nazareth, ex– purgando-os da dissolução que os contamina, dan– do-lhes' um cunho de seriedade que não tem, buscando ampliar as demonstrações do culto do povo, reduzindo as exhibições grotescas e ridículas, dispendendo mais utilmente a sornrna das esmolas. Um bispo illustre, o erudito D. Antonio de Macedo Costa, tomou sobre seus hombros essa espinhosíssima tarefa, infelizmente sem resultados; dizia elle em documento publico, que a festa em honra da santa, se tornára em «fonte perenne de corrupção para o povo, de graves lastimas e desorden& para as familias, como eram as saturnaes do paga– nismo». Infelizmente a portaria do egregio prelado, datada de 27 de agosto de 1879, prohibinclo cirio e festa, desattendida e recusada, não teve os valiosos resul– ~~dos que ·eram de esperar da proficua reforma pro– J ectada. . E foi tudo. Nunca mais se tratou de pôr em pra– tica esta obra civilizadora. A verdade dura, muito em– b_ora ~olorosa aos fanaticos, é que o culto popular, a smcer1dade da crença, o expontaneo tributo do crente, entram em parcella mínima no conjuncto da festa. O que arrasta essa multidão compacta, em sua ~rande n~aioria, não é o sentimento religioso, é o goso. be pos– s1vel fôsse organizar uma estatística das pessôas que vão á egreja de Nazareth durante a festa, se possivel fosse extrahir d'ella o numero dos que entram ao templo por distracção ou para fins que nada tem com as crenças religiosas, para o confrontar com o numero enorme dos_ frequentadores do arraial e das suas pandegas e diver– timentos, chegaríamos á conclusão de que muito de fi. cticio tem as manifestações do culto popular á santa.
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0