PARÁ. Governador (1897-1901: José Paes de Carvalho). Mensagem dirigida ao Congresso do Estado do Pará: pelo Dr. José Paes de Carvalho governador do Estado em 7 de abril de 1899. Belém: Typ. do 'Diario Official', 1899. 53 p.

DR. JOSÉ PAÊS DE CARVALHO 33 Corroborando esses abalisados conceitos, poder-se-ia ad– ditar-lhes que a especulação para a baixa alenta-se ainda e grandemente naquellas exclamações de triumpho, por S. Exc.ª apostrophadas, porque o prestigiado saber de alguns dos sous auctores creia no animo dos especuladores a esperança de que os poderes publicos, recuando no caminho percorrido, voltem p01· novas derramas de papel moeda a reintegrar a massa, que encontrou circulando. Tanto peior para os que em tal acreditam. A circulação monefaria de um paiz é a mais interes– sante parte de seu systema financeiro. Verdade tão comesi– nha parece, entretanto, não haver feito sem grandes penas seu caminho por entre as ideas directoras em materia de ad– ministração publica entre nós. Antigos prejuízos de ignorancia, ou velhos habitos de preguiça intellectual, explicam esse accôrdo tacito ou expresso com que em geral se admittia que as questões financeiras só eram abordaveis pelos semi-deuses infalliveis, ou os tios ricos · dos partidos, satyrica alcunha com que os appellidou a cri– tica parlamentar do tempo. Havia-os da escola liberal e da escola conservadora, que se impunham por tal forma ao respeito supersticioso dos pro– fanos, que muitas vezes não· foram sequer .ouvidas a mais rasoaveis opiniões, unicamente porque até aos que as defen– diam não se éoncedia que chegasse a protectora gentileza de um condescendente apoio, sem a prévia auctorisação daquelles ·monopolistas do saber. Entretanto, isso não impedio que o estudo util de muitos outros espiritos, tão capazes quanto os delles, mas mais disci– plinados pelo methodo scientific0, que pelas injuncções do partidarismo eleitoral, nos legasse um fecundíssimo acervo de meditações, que nos eximem de ir buscar em alheias patrias os conceitos da sã theoria que illustra e os conselhos das bem dirigidas experiencias. Por outro lado, não se quadrando com o actual regímen aquelles vezos de atrophíante idolatria, mostram-se de melhor avença os estadistas de agora, de todo já dêspidos das insí– gnias da infallibilidade, de que os de outr' ora se investiam, logo que a divina graça lhes confiava o emprego governativo. Pondere-se, ainda, que essa mesma calamitosa crise, pro-

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