Treze de maio - 1846

f2] .mente tristes: mas a nfliçaõ, o susto, o terror qu e cad,a vez se aumenta com a conti nuaçaõ da secca fdz sucurnbir a tudo. E~tá esta CiLlade a pinhada com um sem numero de indigentf·s, na,') 'i--Ó dos centrns desta Província, cqmo das do ,f.lio G rande, e Parahíba, que tem cor rido -pro– curando soccorros nesta Capital, e por come– quencia estamos com as ruas cobertas de mize– taveis de todas as -classes, sexos e idades, vendo a cada momento a tenivel scena de 1825 1 isto he esses mesmos mizeraveis de fúra reunidos com a populaçaõ da Cidade, que naõ he peque– na, sucumbirem , porque naõ he possível que no desamparo em que 110s achamos possamos rezis– tir a taõ cruel calamidade. O nosso Presidente tem mandado distribuir esmolas de farinha, e feijaõ, e tem ,muito bons deu:;jas para livrar da :morte a essa populaçaõ desvalida, mas como soc– ·correr a 5 e 6 mil rndigentes sem havet'. deposi– tos, e ·nem dinheiro, onde tirará o Presi<tente ·com que acodir outro tanto ou maior numero de povo que cc,nsta virem chegando em procu– ra do ·Governo -para os soccorret· 1 onde estará '·O remedia, orrio que no Pstado em que já nos achamos, .ra -naõ ·ter o Governo do Rio de Janei– ·l'O rios acoüi lo com tempo, ·só a morte devora– 'dol'a de tudo tomará conta deste ·crecido ,nume– ro de Brasi lt'i I os. -:--A !'-orte dtsta Prov inci a he-a ma'is triste que se póJf. imaginar; e se Deos não soccorret' com ch1;\',1s este a rmo, -as quaes já ,·ão tardacdo, terá 'o Ce~, á 'Ue ;ficar totahlleiite dispovoado; .porriue o Povo ou sucumbe a•fome, ou abandona á .Pro– víncia; eu ja não posso dormir ·considerando on– de irei parar com ,,inte e oito pessoas de fami– •]ia, ao mesmo tempo q ue tenho hum pequeno, porem tt'istisii imo, consôllo por ,ier e considerar qual será a soi,te de outros em peiores circuns– tancias do ·que as minhas; em fim Deos nos -acuda. -·· _-Ainda nada de chuvas, meu caro amigo, e já gados pouco restão; ha Freguezias onde não existe mais uma cabe,,)a, e gente já morre mui- 1t.a .defome.. pelo centro da Provincia !! ! - --,-:,Vis o .que lhe escrevo não quero -deixar de ·lhe dizer o niizero estado a que está reduzido ,o Ceará por cau.za da desestrada ·secca ,que o .afJigP, ás ruas vivem apinhadas de povo a pedir esmola, muitos deste já cadaveri0os pela fome que os ralla tendo já alguns .morrido de fome, para o centro e se Deos -nos naõ acodir tere– ~os de v.er a scena mais t riste dn mundo. :__continua a secca e que de calamidades naõ vai por aqui, nem é bom ponderai-as que treme p coraçaô de susto. Pelas ~ horas da manhã do dia 27 do cor- rente mez foi nesta-Capital executada a senten.. ça de pena ultima proferida contra o preto Eu– zebio por ter assassinado seo Senhor Jozé Fran– cisco Oiniz com huma facada. O delicto foi per– petrado nJ dia 2 de Dezembro p.p. pelas 9 horas da manhã no interior da caza do assassi– rn1do; no dia S a Promotoria Publica apresentou sua denuncia ao Juiz Municipal, e formado o pl'ocesso da culpa com toda a urgencia, convo– cou o Dr. Juiz de Direito Se.ssaõ extraordina– ria de Jurados na forma da Ley de 10 de Ju– nho de 1835 para o dia 12 do corrente mez em que por unanimidade de votos foi julgado o crime provado, e o delinquente condemnado a pena ultima, sendo a sentença mandada cum– prir pelo Exm. 0 Presidente da Província de– pois de examinar com a maic,r circunspecçaõ, prudencia, e escrupulo se foraõ guardadas todas as solemnidades das formulas, quaes as circuns– tancias do delicto, e as provas, dando assim completa for~a moral a sentença cuja execu– ça-õ por isso mesmo tornou-se mais grave, e so- 1eume. A acçaõ da Justiça correspondeo em activida– de, ,e energia á profunda sensaçaõ, que no Pu– -blico ·cauzou este atroz attentado, seguido fogo de outros, talvez ·animados os perpetradores pelo r.umor de que -aquelle escravo naõ podia ser condemnarlo' a morte por naõ ter vinte e hum a-nnos de ·idade, ,e por existirem na Cadeia réos de assassinatos mui aggra-vantes condemna<l-os a pena iillima á annos sem que até hoje na Côrte do Rio de J ,meiro -tenhaõ tido soluçaõ seus re– cursu~ '•de G1 ª\~ª para o Poder Moderador. A imperio~a necessidade exi~!io essa puniçaõ :exemplar. rlevida safo.faç.aõ á Sociedade ~rave– mente ofleudida na :ptssoa de hum Cidadaõ, e Senhor do a~gressor. A falta de pontual, e fiel exe~-t1çaõ das leys., e m11i particularmente das puniti \·as, acoroçôa os máos, intimida os bons, e occasiona a frequancia de crimes, que ás au– thoridades sê>rnente se deve imputar com tanta nraior acrimonia, q1nrnto he exacto, e verda– deiro, :que deixaõ d-e fazer effectivas á Socie– dade as garanLias legaes sempre que falta& ou demotaõ a administração da justiça, deixau– de por indolencia, ou quaesquer considera– ções iUicitas, de darem regular andamento aos negocios de sua competenciJ, e por consequen– cia, de cumprirem a ley com honra, zelo, e acti vidade. Não pareção extemporaneas estas nossas re– flexõef; eilas melhor cabem neste lugar, e oc– cazião, segundo o nosso pensar, por que se trata da punição de hum atteutado, e muitos outros ha, cujos perpetrartores ainda não forão – julgados, existindo á annos na Cadeia! P. ·····••><1,11111 -~

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0